O texto a seguir fez parte da palestra para APAE, Miguel Pereira, cujo tema era "PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS: DIREITOS, NECESSIDADES, REALIZAÇÕES.".
A DEFICIÊNCIA NÃO ESTÁ NA LIMITAÇÃO,
MAS NA ACEITAÇÃO
Professor
Nicolau Salerno
Neste mundo criativo em que vivemos, as
limitações estão sendo reduzidas pelos suportes tecnológicos, por leis que
protegem e exigem, por pessoas mais conscientes, por uma ciência biológica mais
competente, por uma biomedicina mais humanista e menos comercial, por seres
mais verdadeiros com o próximo e menos “artistas” para o palco da vida. Hoje, aceitam-se mais a diferença, a não ser
que esta vá de encontro aos conceitos morais, éticos, políticos e até
religiosos do outro. Nestas situações a deficiência deixa de ser uma real
limitação, mas uma real não aceitação.
É fato: o PRÉ ainda transita no mundo e todos nós somos reféns desse estigma
social.
Somos PRÉ-concebidos desta ou daquela forma, antes mesmo de mostrarmos
quem somos.
Somos PRÉ-julgados mesmo antes de uma acusação.
Somos PRÉ-amados, ainda que cativados.
Somos PRÉ-determinados, antes de sermos “dialogados”.
Somos PRÉ-educados, anterior a sermos orientados.
Somos PRÉ-conceituados, antes mesmo de sermos acolhidos e reconhecidos.
Somos PRÉ-maturos para a vida de igual valor, de iguais direitos, de
iguais deveres.
Somos PRÉ-condenados, sem ter havido uma sentença.
Somos PRÉ-odiados, sem ter o direito da conquista e do amor.
A
teoria das Múltiplas Inteligências, definidas pelo psicólogo cognitivo e educacional estadunidense,
ligado à Universidade de Harvard, é a “epifania” das possibilidades, das
condições de um portal para um mundo mais justo e igualitário: ser antes de estar, viver antes de
conviver, querer e poder.
Esperamos
que cada um com suas limitações possa ter a chance de aprimorar suas
competências, seus talentos naturais, suas inteligências e, depois, caminhar
seguramente no desenvolvimento dessas habilidades, tendo o direito de
participar da construção da sua própria história. Seja
numa relação humana com o outro ou consigo mesmo; seja sentindo o mundo,
cantando ou plantando a vida, ou apenas refletindo sobre ela; seja somando
momentos ou catalogando momentos num imenso álbum de memórias, com imagens ou palavra.
É
assim a democracia de viver. Todos têm
direito de amar e ser amado pelo que são, pelo o que desejam, pelo o que
sentem, onde estão e para onde vão. E,
principalmente, se defenderem de mim, de nós, certamente de vocês. Assim, todos eles vão longe, todos em direção
aos seus sonhos.